1. |
Porta aberta
03:41
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Pode entrar, a porta está aberta
A mesa posta
E a casa toda é pra você
Entre agora, me conte a sua história
Eu quero ouvir
Serei alguém que vai lhe receber
Vamos lá fora pra ver
As frutas que tem no quintal
Chegue aqui, vou lhe mostrar
Os desenhos que eu fi z de manhã
Quero lhe contar do amor que eu senti
O amor que eu senti
Vou abrir as janelas e as mãos
Quero encontrar
O mais sincero você
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2. |
Dois
03:34
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Ela tem um sorriso tão doce, ai, ai
Ela vende é biscoitos na feira
Ela tem uma saia amarela do jeito dela
Lá vem ela sem se desculpar
Ele espera na outra esquina, ai, ai
Ele espera até o fi m do dia
Ele pensa na tarde tão bela e no jeito dela
Lá vem ela sem se preocupar
E a hora do encontro se dá
Com carinho e troca de olhares
Ele sabe, ela sabe... Que tem, ali tem...
Ela canta uma música doce, ai, ai
Ele ouve e lava as “louça”
Ela passa o café na panela do jeito dela
Lá vem ela sem se desculpar
Ele arruma as fl ores na mesa, ai, ai
Ela faz o mexido do dia
Ele deixa um bilhete
Pra ela na mesma janela
Lá vai ela sem se explicar, se explicar
E a vida a dois a rolar
Com gostinho de simplicidade
Ele sabe, ela sabe... Que tem, ali tem...
E os dois deitam juntos na cama, ai, ai
E o lençol tem bordados azuis
Ele fala bondades pra ela
Tem som de canela
Lá vai ela no sono pegar
E o sonho que a noite trará
Caberá sua felicidade
Ele sabe, ela sabe... Que tem, ali tem...
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3. |
Pipa amarela
03:02
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Ô, Menino, vem cá
Menino da pipa amarela
O céu, vasto céu, é o teu mar
O pouco que tens divide comigo
Da repartição tudo pode virar
O prato mexido, farofa, feijão,
Ideias à mesa, amizade à mão
Café passado no passar dos dias
Da minha varanda eu reparto o quintal
Da minha vontade, tudo o mais
Ô, Menino, vem cá
Menino da pipa amarela
O céu, vasto céu, é o teu mar
Vento é chão pra sonhos se ter,
Teu pé tem raiz nesta terra, teu lar
O muito que sonhas reparte comigo
Caminho trilhado sem solidão
Tuas histórias eu bem que conheço
Tua pipa amarela é Minas Gerais
É voo de muitos Brasis... Em um só lugar
Ó, Minas Gerais / Ô, Menino, vem cá
Quem te conhece não esquece jamais
Menino da pipa amarela
O céu, vasto céu, é o teu mar
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4. |
Vento vai
04:26
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Nessa estrada, curvas tantas
Horizontes como ondas tais
Vou até onde o vento vai...
Corre longo pensamento
Sentimentos raros, minerais
Vou até onde o vento vai...
E, do lado de lá, quem vê?
Quem saberá?
A gente dobra a esquina
Pede esquecimento
Da dor que vivemos
Sem perceber
E o coração
Na ponta de um galho de ipê
Entra e sai, fl oresce, enfi m
No pensamento vai
Vai até onde o vento vai...
Deixe um lugar pra mim no seu peito
Deixe um lugar pra eu fi car
Deixe um lugar pra mim no seu peito
Deixe um lugar...
Vento leve, brisa leva
A manhã de estrada e muito mais
Vou até onde o vento vai...
Nas curvas sonhos se vão
Vou até onde o vento vai...
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5. |
Primavera
04:08
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Quero ver sol de primavera
Iluminar as ruas da cidade
Quero ver a tua mocidade
Suportar a dor, a dor que dilacera
Que ninguém se perca no caminho
Que ninguém esqueça a esperança
Cada um e todos, uma dança
Sobre toda a aridez do espinho
Sobe ribanceira, deixa o menino correr
Solta essa tristeza, deixa o sonho aquecer
Ama a vida inteira
Enquanto houver sol, quero ver
Alegria de janela aberta
Um quintal em fl oração de rosa
E o vigor da planta mais viçosa
Esperança viva, sempre alerta
Sobe ribanceira, deixa o menino correr
Solta essa tristeza, deixa o sonho aquecer
Ama a vida inteira
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6. |
Voar
03:18
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Saiu de casa, chaves na mão
Pedalou ladeira acima
Pediu passagem, cantou um refrão
Deixou coragem se aproximar
Na garupa o sol, peito aberto vai
Leva o seu anzol, espera pra ver
Momentos de poder voar, voar...
Vento no rosto, chaves no bolso
São a certeza de poder voltar
Pernas girando com muito esforço
E o mundo no peito só cabe amar
Fez poemas lá, versos por prazer
Contos pra comemorar, da vida viver
Momentos de poder voar, voar...
Planta no rosto um sorriso agora
Lança o anzol pra dentro de si
Gira a chave, maçaneta
Vai depressa chamar seus irmãos
Pega os pratos, põe a mesa
Não se esquece de dar as mãos
E a pesca poder repartir
Conta um lugar a mais, peito aberto, vem
Na vida viver, momentos de poder voar...
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7. |
Duas pernas
05:04
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Os homens saíram pelo mundo
Com as suas duas pernas foram procurar
Alguma coisa que fi zesse sentido
E lhes trouxesse mais tempo pra pensar
Entraram numa escola
Mas logo foram embora
Os alunos não souberam o que falar
E os professores recusaram explicações
“É que vocês já são homens
E o tempo não é mais o mesmo”
Mas era cedo, prosseguiram a jornada
Olharam ao redor
Viram coisas naturais, queriam mais
Queriam explicações, e uma origem
Que desse a certeza de que a vida não é
Apenas navegar, apenas navegar...
Sonhavam com a perfeição
Que não tivesse nada de vulgar
Mas a pureza não é tão fácil de encontrar
Entre as pessoas simplesmente
Parecem confusas
Como no espelho quando me vejo
E a busca que viviam parecia não ter fi m,
Apenas começo
As nuvens não formavam nada mais
Do que se possa reconhecer
Apenas brancas, calmas
Apareciam sem se justifi car
A tarde é clara, os homens caminham
Descalços pelas ruas asfaltadas
Da cidade que agora
Dorme mesmo em atividade
Porque o tempo não é mais o mesmo
O tempo não é mais o mesmo...
Quem vai resolver? Quem pode negar?
O norte é uma estrela,
O norte é a certeza de que há mais
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8. |
Casa pequena
04:41
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Tenho apenas vinte anos
E o coração no mundo
Tenho apenas uma ideia,
E o tempo a esperar
Tenho uma janela para o mar
Longe, longe, longe...
Minha casa é pequena
Mas tem uma sala de jantar
Meus amigos esperam lá
Quando for novembro
E o tempo mais quente chegar
Vou plantar fl ores no muro
A calçada é pequena
Mas levo tanta força no olhar
Também espero brotar perdão
Quando for novembro
E o vento mais quente soprar
Vou pintar fl ores(rosas) no muro
Tenho um amor a me esperar...
Tenho apenas duas mãos
E o coração no mundo
Tenho portas e janelas
Um tesouro a guardar
Essa casa serve pra morar
É simples, tão simples, simples...
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9. |
Deixe que eu vá
03:28
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Deixe que eu vá com você
Deixe que eu vá até o fi m
O tempo de viver é hoje
Lá fora a brisa é solta
Aqui dentro o papo ‘tá bom
Ponha um café gostoso na mesa
Abra as janelas e portas pro vento entrar
Versos pra levar na estrada
Pegue o violão, deixe o amor soar
“Quero pegar suas mãos
Vou buscar aonde for”
Encher nossas almas de histórias
Olhar pra frente, a esperança que há
Amigo, é bom ter você por perto
Crianças nos nossos quintais
Sonhos sorrindo
E a velha estrada a chamar
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10. |
Simbora
03:10
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Vamos “simbora” pra lá (pra lá, pra lá...)
Deixa esse queijo de lado, morena
Entra na carroça
‘Sa cidade só chove (chove, chove..)
Deixa esse barro de lado, morena
Entra na carroça
A paisagem é morro (morro, morro...)
A paisagem é só morro
Deixa o barraco de lado, morena
Entra na carroça
Essa cidade é a minha casa
Esse barraco é o meu lar
Minha terra é preto café
O meu sol, amarelo canarin’
O meu céu é azul que dá dó
E o mingau que eu como é fubá
Levo no peito o caminho de volta
Dá sua mão pra eu subir (na carroça)
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11. |
Último abraço
04:02
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Veja quantos vêm e vão
Quantos correm, quantos não
Logo a multidão se vai
Poucos olham para trás
Em outra estação, em qualquer cidade
Vou te encontrar e cantaremos juntos
Um último abraço
Com lágrimas em nossas faces
O trem vai nos levar
No próximo embarque
Veja quantos entram sozinhos
E outros que aprenderam a amar
O tempo e a distância são horizontes
Palavras de amigos são confortantes
O trilho se estende, não vemos seu fi m
Nem as voltas que possam vir
Com reciprocidade vamos viajar
Em outra estação, em qualquer cidade
Vou te encontrar e lembraremos juntos
Um primeiro abraço
Com lágrimas em nossas faces
O trem vai nos levar
No próximo embarque
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